Saudades

Uma das milhares de frases que eu li nos para-choques de caminhão mundo afora dizia: “Quem inventou a distância não conhecia a saudade”. Aquilo me rendeu uma mini autoanalise grátis que durou vários quilômetros, intercalados em diferentes sessões espalhadas pelos quilômetros da vida.  Saudades? Que sentimento é esse? Me soa como algo dolorido, inconsolável como o choro de uma criança que só encontra abrigo seguro nos braços da mãe, o elo de segurança e apego, o calor humano mais tenro e sincero. Mas que sentimento sórdido este de saudades, punitivo, nocivo quando em grandes quantidades, algo que machuca, algo que dói por faltar, algo que não existe, mas precisa ser preenchido.

 

Mas falta o que? Viajar não é bom? Conhecer novas culturas não é bom? Então por que a saudades? Porque nada é completo sem aquilo que falta. Obvio. Mas falta o que? Voltar?

 

Meu pai, viajante de longa data, praticamente um nômade corporativo e turístico, me confessou uma vez que não sentia saudades. Ele me disse que tinha um “botão” que ele desligava. Ele simplesmente não sofre desse mal e ponto. Ele não deixou margens para dúvidas, ele é assim.

 

Eu tentei uma abordagem mais racional, eu sempre me pergunto. Do que eu deveria ter saudades? Da comidinha lá de casa? Não me faz falta. Dos amigos? Hummm, desculpem -me, mas prefiro viajar. Da família? Sim, claro, às vezes, mas sinceramente eles me fazem falta aqui, na estrada aonde estou exatamente agora, e não vejo que sou eu lá com eles a melhor solução deste problema de saudades. Desculpem meu egoísmo e sinceridade…

 

 

Sendo assim, a definição de saudades, no meu entender, é algo menos punitivo e menos doloroso. Não tenho saudades de voltar, tenho saudades de compartilhar, de reviver experiências boas, e porque não, de uma certa saudades nostálgica de algo que eu não vivi e poderia ser mágico?

 

Acabei talvez criando uma explicação dos sentimentos de meu pai e replicando…eu não tenho saudades de voltar, mas saudades de estar. E estar especialmente com quem eu amo, nos lugares que eu amo. De repente, a saudade se tornou para mim um sentimento muito bom, não uma falta, mas uma esperança, uma expectativa, praticamente um plano para o futuro – sim, eu desenvolvi a saudade de algo que irá acontecer. Me sinto um fugitivo de um sentimento que não era muito a minha cara e com isso a estrada se tornou um lugar de contemplação e desfrute, pois eu sei que eu um dia eu vou voltar aqui para compartilhar com outros, e naquele momento eu terei saudades de ter sonhado em estar ali novamente. Exatamente como estarei em breve. Este plano tem um objetivo claro, viver e reviver o máximo possível com a minha pequena filha de um ano as coisas do mundo, o melhor combustível e inspiração para continuar sonhando e planejando novas viagens.

 

Desde o dia que eu li a fatídica frase no para-choque do velho caminhão, eu gostaria de conversar com aquele caminhoneiro, dar um abraço nele e agradecer pela boa e velha filosofia de para-choque de caminhão. E isso só fortalece a certeza de que a estrada é o melhor divã.

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